acordo todos os dias virada para a cómoda castanha. quatro gavetas e puxadores dourados. não importa a data, a previsão meteorológica ou a minha vontade de começar o dia. à minha frente, a cómoda com puxadores já escuros, ouro a que o tempo retirou brilho. sei exactamente o que está dentro de cada gaveta. não acredito na possibilidade de algo me surpreender no espaço apertado de cada caixa rectangular. também sei qual a gaveta que vou abrir primeiro. ea que será a última. poderá acontecer algo de perverso se, um dia, mudar a ordem das gavetas. ou até a ordem pela qual as abro. poderá romper-se o equilíbrio precário do meu mundo de gavetas. posso acordar virada para uma parede branca ou uma janela rasgada. sem saber as consequências do meu acto de subversão, abro todos os dias as gavetas castanhas pela ordem certa.
mulher-gaveta, por Salvador Dali
És um encanto...
ResponderEliminarDoce beijo
Fantástico como é possível descreveres akilo que somos em poucas palavras ... Seres sem hábitos somos impossíveis de ser ... é possível sim , dar novamente brilho a esse brilho que o tempo tirou , acalmar o espírito daquilo que tudo o tempo levou ainda assim muitas marcas ficaram e para sempre connosco ficarão, no pensamento e na memória... =)Eufemismos estes ... Gostei do mto do teu pensamento ,Mtos Bjinhos
ResponderEliminarUm dia tira tudo das gavetas cá para fora! Atira as coisas ao ar. E depois limpa-as e atira-lhes um cheiro bom. A seguir arruma tudo, deitando fora algumas coisas. Para variar...
ResponderEliminarBelo poema, Mariab.
ResponderEliminarGrande efeito onírico nos causa a sua poética de gavetas. Bachelard provavelmente se sensibilizaria com esse devaneio. Lindo!
Um forte abraço,
H.F.
É de facto conveniente
ResponderEliminarsaber onde estão as coisas -
nas gavetas da nossa mente!
Beijoca
Às vezes é a própria vida que nos surpreende...
ResponderEliminarUm belíssimo texto!
Beijos.
M a r i a :
ResponderEliminarque beleza....de "gaveta"___________aberta sobre a alma.
um abraço....
Todo o valor conotativo destas gavetas! Belissimo!
ResponderEliminarIntenso! Verdadeiramente belo!
ResponderEliminarUm abraço carinhoso e um ótimo Fim de semana para você!
Um bom fim de semana cheio de sol e felicidade.
ResponderEliminarAnad
e cansa sem dúvida a "ordem" ordenada das coisas...
ResponderEliminare subversão q.b.
com talento e (bom) gosto.
admirável texto.
Reconhecer as gavetas é já um grande equilíbrio! Gostei muito belíssimo texto! Um beijinho
ResponderEliminarIsto é que é! De um móvel singelo e de uso quase mecânico pelas necessidades do cotidiano, criou uma alegoria primorosa. Necessariamente, grandes obras não carecem de cenários esplendorosos.
ResponderEliminarUm beijo!
grande
ResponderEliminara gaveta da vida
grande a gaveta da morte
[ grande dizer
de
gavetas,
beijo
~
eu não. sou surprendido muitas vezes, ao abrir gavetas, por coisas e recordações de que já não me lembrava.
ResponderEliminargostei da forma como abres e sabes as tuas...
Abra então como se estivesse uma alma humana desse jeito.
ResponderEliminarCarinho sincero, Mariab.
Continuemos...
Belo texto. A ordem, o equilíbrio do mundo numa gaveta da cómoda. Mas há a tentação de subverter, lá isso há...
ResponderEliminarBeijinho.
belíssima metáfora sobre os gestos que norteiam a vida de muitos.
ResponderEliminarvisitei o blog pela primeira vez e gostei muito dos textos que aqui li. parabéns!
as gavetas em que nos vamos arrumando. as gavetas em que nos arrumam ...
ResponderEliminarBelíssimo texto. Maria
iv*