doem-me as cidades de pedra em que as borboletas não poisam. o silêncio intacto sem ecos do zonzo canto de cigarras. o pó que não saiu do ventre da terra. dói-me a certeza das noites de lua perdida entre paredes imóveis. os gritos dos olhos baços peixes em aquário seco. dói-me este gemido da vida em cada músculo do corpo. faço-me ponte de rios inexistentes. para que eles sejam. para que eu possa ser.
foto de Vincenzo Basile
Um belíssimo poema de sentido ecologista e muito poético.
ResponderEliminar" faço-me ponte de rios inexistentes. para que eles sejam. para que eu possa ser. "
Adorei. Um beijo.
Não residirá nas pedras, o problema. Antes na história dessas mesmas pedras. Naquelas pedras que não encerram passado, nem vozes sussurradas nos caminhos agora alcatroados. Pois se as pedras apenas calarem vidas vividas, existirão borboletas de memórias a circular-te na pele quando lhes tocares, ouvirás hinos narrados quando as olhares. E, então, cruzarás as pontes sobre os rios do tempo que correm no sentido inverso, rumo às nascentes. E serás um rio onde se beberá a história das cidades de pedra.
ResponderEliminarSão os "delírios" que nos fazem pontes. São elas que nos permitem cruzar fronteiras.
ResponderEliminarNós somos, cada vez mais, "muralhas". Nós somos, cada vez menos, "pontes".
É lindíssimo o que escreves.
Beijo
Francisco
Para que se possa ser!
ResponderEliminarsabe-se lá a água que poderá correr sob a ponte de rios inventados.
ResponderEliminar... e "pedras vivas" que resistem à derrocada das cidades.
belíssima a tua escrita.
beijo
Felizmente que nos permites a travessia.
ResponderEliminarhá nos quotidiano algo de vazio que não nos preenche, há na vida real algo de cinzento que não nos faz sorrir, há no mundo de hoje gente que nada diz, trás-se na alma um gemido de dor, que não conseguimos descrever.
ResponderEliminardói-me a dispneia
ResponderEliminardos parques
dos bancos
dos jardins
nas cidades
] dói-me a lenta
desistida
respiração dos
aquários
onde são,
beijo
~
Mariab...
ResponderEliminarAs cidades aprisionam, oprimem, sufocam, agridem, sangram o cinzento baço nos olhos, e gelam todas as emoções...
Sim!... só essa ponte será a passagem para ir de novo ao encontro das borboletas!...
Beijos...
Simplesmente fantástico, Mariab.
ResponderEliminarNão sei nem tecer uma loa diante deste.
Um carinho sincero.
Sigamos...
Fantástico...!
ResponderEliminarDoce beijo
Retornar e ler as suas palavras...
ResponderEliminarFazem pulsar forte o coração!
É sempre muito bom estar aqui!
Deixo um abraço com o meu sincero carinho
fluir de luzes,
ResponderEliminaráguas do desejo.
belíssimo!