"Sem memória esvai-se o presente
que simultaneamente já é passado morto"
José Cardoso Pires, in De Profundis, Valsa Lenta
Não me lembro
se me eras sangue entranhas
ou só enlevo
adoçante de alguns dias
É certo que não me lembro
de entrar pelos olhos dentro do teu peito
e lá ficar
menina mulher
criança de embalar
Talvez porque não me eras sangue
deixei que te dissolvesses
no peso infinito do tempo
Hoje não te reconheço
enlevo, sangue, entranhas
estranho de mim
ausente da memória
enlevo, sangue, entranhas
estranho de mim
ausente da memória
Foto de Stefano Orazzini
Talvez porque não fora sangue.
ResponderEliminarOu talvez porque o sangue já não faça mais sentido.
liberto-nos de memórias na névoa do tempo gasto.
E no gesto, existo.
Gostei imenso de te ler :)
ResponderEliminarObrigada pela visita.
Beijo
Passado perdido, a coisa do fim, do esquecimento. Sempre nos empurrando dores e espantos. O peito nu da gente indefeso, atingido pela memória sem fim do inconsciente, esta praga.
ResponderEliminarUm carinho, Mariab.
Continuemos...
Muito bom o que nos ofereces aqui, eu agradeço, claro.
ResponderEliminarAbraço.
Arabica,PiresF: eu é que agradeço a vossa presença aqui.
ResponderEliminarGermano: é uma praga, mesmo... Beijo.
O pior é mesmo a ausência da memória. Belo!
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminardolente. musical. belo...
ResponderEliminargostei muito.
beijo
hfm: é a negação do que existiu. a inexistência. beijo
ResponderEliminarheretico: e eu gosto de te ver por aqui. beijo
a memória é muito selectiva.
ResponderEliminarbeijo.
Agradeço o convite. Envolvente de luz e ... paz
ResponderEliminarMuito belo
(já volto)
iv
teu blog tira-nos o fôlego
ResponderEliminar& guarda consigo
porque sabe
iremos voltar.
Não conhecia e gostei muito de ler!
ResponderEliminar:))
parece-me que haver memória sim
ResponderEliminaré só por si
dor
mas também a testemunha
do s dia s
( ? o testemunho dum rio ~
maria josé: verdade. Bom ter-te por aqui.
ResponderEliminarisabel victor: grata por teres aceite o convite.
douglas D.: bem vindo a este espaço
mdsol: também gostei muito, talvez por isso esta referência
pi: quando algo se ausenta da memória, é como se esses dias não tivessem existido.
A melancolia do ponto de vista da linguagem primorosa. Belo poema. Por sinal, a estética do seu blog é um coadijuvante a altura da sua escrita.
ResponderEliminarUm beijo e um feliz ano novo para você!
Oliver: Obrigada. Espero continuar a tê-lo por aqui. Feliz Ano Novo, também. Beijo
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