quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

princípio e fim


que novas me dás das cidades
onde a luz se pôs de madrugada?
o que me dizes das horas pardas
em que nos perdemos
para lá do portal da distância?

digo-te em verdade que a luz entrará
quando tudo não for mais que a cinza
despojada de nós
que o sopro insano do vento transporta
onde seremos para sempre princípio e fim
ancorados na orla do tempo


foto de hakim talbi

15 comentários:

  1. Uma excelente resposta a duas inquietantes perguntas.

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  2. E segredou-lhe em jeito de verso: "Estamos vazios de nós, meu amor. As ruas cheiram a pó e a estrada desfaz-se no tempo. O horizonte cobre-nos com o seu manto de fantasma feito sonho. E nada voltará ao seu lugar nesta canção." Ela, levantou os olhos a medo, apertou-lhe a mão e fez-se rio. As águas transbordaram-se pelos corpos afogando tudo à passagem. Nem uma janela escapou. E a morte se anunciou num tapete de sangue estendido à passagem dos peregrinos do amor. "Não vás...", pediu. "Não aguento mais uma história." E foi-se mesmo.

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  3. Belo, Mariab.

    "... a luz entrará
    quando tudo não for mais que a cinza
    despojada de nós".

    Lindo!

    Beijos,
    H.F.

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  4. ... a madrugada é a orla do tempo, varrida de cinzas pelo vento, para que as horas em que, voluntariamente, nos perdemos, nos mostrem o princípio de novas cidades e o fim de novos dias... nossos

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  5. Poesia quase gótica, muito bonita. Além da sintonia perfeita com a fotografia, por sinal, excelente, me lembrou o filme Metropolis, de Fritz Lang.
    Um beijo!

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  6. "princípio e fim
    ancorados na orla do tempo"

    É, de facto, aquilo que somos.

    Cumprimentos meus.

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  7. "digo-te em verdade que a luz entrará
    quando tudo não for mais que a cinza"

    Estou precisando dessa luz!

    Um beijo carinhoso

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  8. Vou lhe ser sincero, Mariab.

    Dos blogs que leio, a tua poesia é a que mais me toca. Você dialoga, conversa plenamente comigo.

    Agradeço por existir.
    Um carinho.

    Continuemos...

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  9. "(...) ancorados na orla do tempo"
    aguardam os párias da ilusão.

    olham os ventos de água
    no etéreo das correntes de luz.
    e pressentem o artificial nas estruturas que fazem os aglomerados,
    onde o rasto alimenta o caminho para os déspotas da igualdade.

    em todo o lado existe luz!
    mesmo onde não se vê.
    o tempo é maior do que o tempo humano!

    e aí reside o Criador.

    Mariab,
    obrigado.

    Vicente

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  10. poesia é (também) Utopia, dizem-me velhos alfarrábios...

    gosto particularmente do registo poético. e da cadência musical das palvras.

    admiravel Poema.

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  11. Passei para apreciar novamente...
    Uma bela semana para o seu rico coração!

    Um beijo com meu carinho

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  12. e,para lá do portal da distância?

    cinza sem princípio e fim?

    para sempre...

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  13. "que novas me dás das cidades
    onde a luz se pôs de madrugada?"
    Que belo poema!
    Beijos.

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  14. há caves e ninhos

    nas cidades

    onde aços e lãs

    ( mais aços,



    beijo




    ~

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