sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

arroubos de Florbela




"Aborreço-te muito. Em ti há qualquer cousa
De frio e de gelado, de pérfido e cruel,
Como um orvalho frio no tampo duma lousa
Como em doirada taça algum amargo fel"

Florbela Espanca, excerto de "Confissão"


"Estendo os braços meus! Clamo por ti ainda!"*

nos meus arroubos súbitos de Florbela
louca descontrolada
esbarro no aço das defesas do teu peito

"Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!"*

em silenciosos ecos
que me jorram da boca

                                                      [mas até o silêncio te fere a luz dos olhos]

endureço o sonho, a dor, a raiva
frustrações insensatas
de quem de amor se alimenta
e o come
                                                      até à perpétua (in)satisfação

"Demais, nem eu talvez, perceba se o amor
É este perseguir de raiva, de furor,
Com que te sigo assim como os rafeiros leais"**

_____________________

De Florbela:
*excertos de "Aonde?..."
**excerto de "Quem sabe?!..."


Foto de kalua k krynska

16 comentários:

  1. Sempre bela a florbela.

    Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO

    PS - não tentes decifrar os títulos, a menos que tentes decifrar as palavras que surgem aquando a moderação de comentários. Soam bem e escolho-as. Cada um com a sua pancada...

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  2. Miguel, essa é uma explicação que nunca me passaria pela cabeça... :))

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  3. a.roubos....muito bem exposto....como flores dentro de um livro. que nunca secam.



    gostei. muito.


    boa noite.

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  4. ser poeta é ser... Bela e ter poesia à flor da pele! beijã meu - estou a adorar-te!

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  5. gostei imenso, sinceramente! mais um beijão, sem erro

    :-)

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  6. isabel, paradoXos: feliz por terem lido e apreciado, estou a adorar ter-vos aqui.

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  7. Mariab,

    chego ao teu espaço e me alegro de poesia. De uma poesia séria e veraz. Obrigado pela presença no Clube. Desejo que uma amizade em letras e versos se instale a partir de hoje entre nossos recantos.

    Um carinho.
    Continuemos...

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  8. Germano: faço meu o teu voto. Abraço.

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  9. "Sabe" sempre ler reler a Florbela...
    :))

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  10. Volta-me o amor em cada esquina
    Solta-me os cabelos e afaga-me o olhar
    Nos seus passos de menina
    Vou morrendo mais um pouco sem cessar

    Morrerei sempre por amor
    Em lágrimas, em gritos, em soltos gritos!
    E os meus versos serão de dor
    E os meus passos interditos...

    Aconchega-se assim no meu peito
    Entre o suor e a saudade
    Que do amor vive o vento e o leito
    Que me faz ser poeta. E nunca é tarde!

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  11. Pedro: serás poeta, sempre. Obrigada.

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  12. gostei muito. deste "desdobramento" de Florbela. feita "espessa humanidade"...

    beijo

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  13. maria josé, herético: gosto de vos ver aqui. e gosto que gostem. beijos

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  14. Belíssima escolha...
    Aprecio demais as poesias da Florbela, que com maestria falava do amor e da alma!
    Uma semana maravilhosa para você!
    Obrigada por sua visita!
    Beijinhos

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  15. Tatiana: Florbela foi a minha primeira introdução à poesia. Depois dela, tantos entraram na minha vida... Mas é bom regressar, de vez em quando. Obrigada pela visita. Beijo

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