quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

e dele as folhas...


não é este o tempo de tentar ver para além da árvore. concentro-me no verde que tapa o horizonte. na gota de chuva que pende da folha. não é este o tempo de voar para lá da árvore. as asas estão presas à terra por fios leves, leves… pensei que podia quebrá-los. têm a firmeza do pensamento. só se quebrarão quando se dissolverem no húmus antigo. dele brotará um novo tronco de mim. e dele as folhas. e dele a libertação das asas. para lá da árvore.


foto de Darius Klimczack


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[Agradeço a amizade e a gentileza da Hercília Fernandes. Este prémio é para todos os amigos que me visitam. Obrigada.]

9 comentários:

  1. ... que bonito!
    ... vale sempre a pena pensar... valerá a pena espreitar para além dos galhos... à espera dum novo tronco... mas sem esquecer o solo onde nos plantámos...

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  2. A libertação das asas: o fascínio de voar para além do quotidiano.
    Belo texto. Um beijo.

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  3. Pois por vezes admirar a árvore, só ela, é um exercício muito bonito. Já o fiz. Depois vê-la na floresta, também é interessante e finalmente pensar em nós, como se fossemos uma e das raízes que poderemos deixar, mesmo quando o nosso tronco não é mais do que isso mesmo, um tronco morto.

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  4. não. não é este o tempo. ainda.


    é tempo de abraçá-las. apenas.


    beijo.

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  5. A libertação in vitro, in seiva.


    Ao seu tempo.


    Como sempre, gostei muito.


    Beijinho

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  6. Ainda,

    "não é este o tempo de tentar ver para além da árvore"

    Gostei muito!

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  7. muito belo o teu texto...percepção profunda de relações bem eternas.

    bjinho

    véu de maya

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  8. que brotem então novos gomos. e se soltem novos voos. que são os fios leves os que mais prendem...

    doe de tão belo!

    beijo

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